Nunca na história das Olimpiadas as manifestações de fé foram tão divulgadas para o mundo. Atletas brasileiros desafiaram a tentativa do Comitê Olímpico Internacional (COI) em manter a chamada neutralidade religiosa, e mostraram: “se eles se calarem, as pedras clamarão.”. Lucas 19,40.
O texto bíblico trata da importância da adoração e do louvor a Deus; ele nos lembra que a verdadeira adoração não pode ser silenciada, e que devemos sempre louvar a Deus com todo o nosso coração em qualquer circunstância
Os Desafios à Neutralidade Religiosa. O Comitê Olímpico Internacional (COI) sempre se posicionou como uma entidade “neutra” em questões religiosas, buscando manter os Jogos Olímpicos como um espaço onde atletas de todas as crenças possam competir em igualdade de condições. Só que a cerimônia de abertura e o boxe feminino, mostram que esse papo de neutralidade e igualdade passa bem longe das portas do COI.
No entanto, quando atletas atribuem suas vitórias a Deus, ele o COI, vê como uma forma de promoção religiosa, e um desafio a política de neutralidade do comitê.
O COI precisa se preocupar mais com o equilíbrio e igualdade nas competições e não com a religiosidade dos atletas, e assim garantir que os Jogos permaneçam inclusivo e igualitário; pois os Jogos Olímpicos são uma celebração global, reunindo atletas de diferentes países, culturas e religiões.
Atribuir vitórias a Deus é uma expressão autêntica de fé para muitos, e não pode ser visto como um desrespeito ou exclusão para aqueles que seguem outras crenças porque as crenças fazem uso das “divindades”; quantos aos ateus eles creem na “não existência” das divindades.
Cabe ao COI reconhecer e respeitar essa diversidade, promovendo, se possível, um ambiente onde todas as expressões de fé (ou a ausência dela) sejam respeitadas.
Pergunta-se. Onde fica a Liberdade de Expressão? Os atletas têm o direito de expressar suas crenças e sentimentos, incluindo sua fé religiosa. No entanto, essa liberdade de expressão pode entrar em conflito com as diretrizes do COI, que busca ser o guardião contra qualquer tipo de manifestação religiosa. Mas, não foi isso que aconteceu na Cerimônia de Abertura da Olimpiadas em Paris 2024, quando ícones do cristianismo foi “avacalhado”, desculpe-me a expressão, pelo Comitê.
Se o COI denegri ícone considerado sagrado não tem moral ética para punir atletsa que são agradecidos ao sagrado de sua fé. Navegar nas ondas tênues entre permitir a expressão pessoal e manter a neutralidade do evento é um desafio contínuo para o comitê.
Para lidar com esses desafios, o COI pode considerar implementar diretrizes mais claras sobre manifestações religiosas, além de promover o diálogo inter-religioso e a criação de espaços para reflexão e oração nos locais dos Jogos para ajudar a acomodar a diversidade de crenças de maneira respeitosa e inclusiva.
Atribuir vitórias a Deus é uma prática que reflete a profunda fé pessoal de muitos atletas, e não um desafio significativo para o Comitê Olímpico Internacional. Encontrar um equilíbrio entre a liberdade de expressão e a manutenção da neutralidade religiosa nos Jogos Olímpicos é impossível, pois assim como atletas brasileiros agradeceram a Deus suas conquistas, atletas de outros credos também fizeram e certamente foram apresentados em seus países de origem.
Portanto. Esse evento global pode até continuar sendo um espaço de celebração da diversidade e da união entre todas as nações, mas jamais conseguirá expurgar a fé dos corações dos competidores; pois se eles se calarem as pedras clamarão. E isso não aconteceu em Paris 2024.
Rev. Pinho Borges. Especialista em História da Arte e das Religiões.