O Sonho do Caipira e a Carreira do Touro Bravo

João era um homem simples, nascido e criado no sertão brasileiro. Trabalhava na roça desde menino, cuidando do gado e da plantação junto com o pai.

O Sonho do Caipira e a Carreira do Touro Bravo

João era um homem simples, nascido e criado no sertão brasileiro. Trabalhava na roça desde menino, cuidando do gado e da plantação junto com o pai. A vida era dura, mas ele nunca reclamava. As estrelas eram suas companheiras e o som do vento, seu conselheiro. Porém, o que poucos sabiam é que João carregava um sonho que o fazia sorrir sozinho: participar de uma corrida de 100 metros rasos nas Olimpiadas.

Desde pequeno, João gostava de correr. Sempre que terminava suas tarefas, disparava pelo campo, correndo entre as árvores e saltando sobre as cercas, imaginando-se um grande atleta, como aqueles que via na televisão da venda da cidade. Seus amigos caçoavam, dizendo que ele deveria deixar essa ideia de lado e focar no que sabia fazer, que era cuidar da terra e dos animais. Mas João não ligava. No fundo, ele acreditava que, se tivesse a chance, poderia correr como os grandes campeões.

Uma noite, João sonhou que estava em um estádio enorme, com arquibancadas cheias de gente, todos gritando seu nome. O sol brilhava forte, mas ele não sentia calor; era como se estivesse feito para aquele momento. Vestia um uniforme branco, e nos pés, calçava tênis novos, brilhantes. O som de um apito soou, e ele disparou. Corria como nunca, sentindo o vento cortar seu rosto, o coração pulsando forte no peito. Mas, de repente, algo o fez parar.

Ele se lembrou de uma tarde distante, nos tempos de infância. João estava ajudando seu pai no curral, quando um dos touros, conhecido por sua bravura e força, escapou do cercado. O bicho vinha como um furacão, e tudo o que João pôde fazer foi correr, correr como se sua vida dependesse daquilo. Sentiu o chão tremer sob seus pés, o grito do pai ao longe, e o cheiro da poeira subindo enquanto ele disparava em direção ao rio, onde finalmente conseguiu se esconder.

Aquela carreira, pensou João no sonho, tinha sido a corrida mais importante da sua vida. Não havia pista de atletismo, não havia medalhas, mas havia um touro bravo e a necessidade de sobreviver. Talvez, ele pensou, aquele episódio tinha sido a preparação que ele precisava para qualquer corrida que enfrentasse na vida.

De repente, no sonho, ele estava de volta ao estádio. Mas agora, ao invés de um atleta, era o jovem caipira, com chapéu de palha e pés descalços. Mas nada disso importava. Ele sabia que podia correr. Ao ouvir o segundo apito, partiu com toda a força, sentindo a mesma adrenalina de quando fugiu do touro. Cada passo era uma lembrança daquela carreira no sertão, e ao cruzar a linha de chegada, viu que tinha vencido.

Quando João acordou, sorriu. Sabia que, na realidade, talvez nunca pisasse numa pista de atletismo. Mas também sabia que, dentro dele, já era um campeão. Afinal, para um homem que enfrentou a carreira de um touro bravo e saiu ileso, qualquer outra corrida era apenas um detalhe.

E assim, João seguiu sua vida no sertão, correndo por entre as árvores, saltando cercas e sonhando com o dia em que o destino, talvez, o chamasse para outra corrida. Mas, até lá, ele estava satisfeito em saber que já tinha provado sua coragem e velocidade, em um momento que poucos ousariam enfrentar.

Conto produzindo para Portal Idosonews.com/Locução Antônio virtual

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