O PILÃO DE MADEIRA E O CAFÉ TORRADO. Ao repetir este gesto no pilão de madeira no Acampadentro da Pessoa Idosa da Igreja Presbiteriana Itatiaia em Belo Horizonte no cenário montado de uma fazenda em setembro de 2018.
Voltei ao passado. Ao início da década de 60 no século passado.
Lembro-me que ainda menino, minha mãe comprava grão de café na feira livre de Cavaleiro em Jaboatão/PE.
Minha tarefa era fazer um fogo no quintal da casa. Para isso colocava três pedras em posição triangular e entre elas colocava madeira para fazer um fogo.
Quando acesso recebia uma lata com os grãos de café para ser torrado.
Quando o processo de torrar começava precisava mexer os grãos com cuidado para não virar a lata e causar queimadura.
Ainda sinto o exalar cheiro do café sendo torrado. Talvez seja por isso que gosto de tomar café, ainda hoje.
Torrados os grãos. A lata era retirada do fogo e colocada de lado para perder o calor. Esperava-se pelo esfriamento natural dos grãos.
O processo seguinte era colocar os grãos em poções pequenas num pilão de madeira que tinha duas cubas aprofundadas em cada lado do tronco de madeira. Em uma pisava o café na outra o milho.
Agora começava o processo mais cansativo. O de arremessar a ‘mão do pilão’, um barrote de madeira maciça e pesado sobre os grãos para torna-los em pó.
Vez por outra chamava minha mãe para ele fazer o controle de qualidade, isto é, verificar se os grãos estavam bem pisados, se o pó estava no ponto. Eram movimentos repetitivos e cansativos.
Quando a tarefa terminava o passo seguinte era esquentar água numa chaleira de ferro. Colocar o pó do café num coador de pano colocado num bule de alumínio.
O prêmio depois de várias horas no processo da torrar do café era tomar o café cheiroso e saboroso na janta com pão com manteiga quando tinha.
Hoje o café chega à mesa de minha casa através de uma máquina que em aproximadamente três minutos me oferece o café pronto e agradável, mas sem o simbólico da fabricação.
No passado acompanhava todo o processo da feira para a caneca branca de aguida ou o copo de vidro.
Ao repetir estes gestos no pilão anos depois trouxe-me a mente muitas lembranças da infância de minha vida.
Obrigado Senhor pela longevidade.