No sertão nordestino, de terra rachada,
Segue um idoso de alma cansada.
Pés no chão, olhar perdido,
Sonha com tempos de chão florido.
O sol que queima, o vento que fere,
A lua que acalma, a seca que fere.
No rosto vincado, memórias dançam,
Lembranças do tempo que os olhos alcançam.
Foi menino, foi forte, foi lavrador,
Já sentiu na pele o peso da dor.
Mas ainda caminha, ainda persiste,
Pois dentro do peito, a esperança insiste.
Quem sabe a chuva vem logo ali,
Trazendo bonança pra terra e pra si?
Quem sabe a noite, em versos serenos,
Derrame sobre ele sonhos amenos?
E segue o idoso, no tempo que é seu,
Um peregrino que nunca esqueceu:
Mesmo na seca, na dor ou no frio,
Sempre há esperança no peito vazio.
