Há 135 anos, na manhã de 15 de novembro de 1889, o Brasil despertou diferente. O canto do sabiá misturava-se ao burburinho nas ruas, onde a novidade parecia sussurrar pelos becos e praças: “A monarquia caiu. É República agora.”
Crônica do dia: O Brado da República
Há 135 anos, na manhã de 15 de novembro de 1889, o Brasil despertou diferente. O canto do sabiá misturava-se ao burburinho nas ruas, onde a novidade parecia sussurrar pelos becos e praças: “A monarquia caiu. É República agora.”
No Campo de Santana, no Rio de Janeiro, os olhares dos curiosos se voltavam para o general Deodoro da Fonseca, montado em seu cavalo, símbolo de uma transformação que, aos poucos, deixaria de ser apenas um ato político para se tornar uma nova forma de existir como nação.
Aquele dia não teve a dramaticidade de batalhas épicas ou sangue derramado em campos de guerra. Foi uma proclamação silenciosa, quase tímida, fruto de articulações entre militares, intelectuais e políticos descontentes. Ainda assim, carregava o peso de séculos de insatisfação reprimida, de vozes que ansiavam por liberdade e igualdade em um país que começava a questionar suas raízes coloniais e seu futuro independente.
Enquanto a elite debatia as vantagens de um novo sistema de governo, o povo, em sua maioria, seguia alheio ao impacto daquele momento. Para os trabalhadores, escravos recém-libertos, e camponeses, o que mudaria? A liberdade cantada nos discursos republicanos chegaria até suas casas simples, suas mãos calejadas?
Mas, como todo grande evento histórico, a Proclamação da República também se revestiu de esperança. Nos salões e nos cafés, jovens sonhadores imaginavam um Brasil moderno, próspero e justo. Os jornais do dia seguinte traziam manchetes audaciosas, celebrando o início de uma nova era. E nas esquinas, ainda que com alguma desconfiança, falava-se sobre os rumos de um país que, pela primeira vez, não tinha um rei ou imperador.
O 15 de novembro tornou-se, então, um marco de ruptura e de reinvenção. Um ponto de partida para uma trajetória cheia de desafios, mas também de possibilidades. Na memória da nação, ecoa o som do brado republicano, lembrando que o futuro é sempre um convite à coragem.
E hoje, ao celebrarmos essa data, vale a pena revisitar não apenas os feitos dos grandes nomes, mas os sonhos e as lutas de um povo que, dia após dia, continua a escrever sua própria história. Pois a República, mais do que um sistema de governo, é um ideal que se constrói com cada ato de cidadania, com cada voto, com cada esperança renovada.
Que sigamos proclamando, todos os dias, o 15 de novembro, e a vontade de sermos livres, justos e iguais.
Matéria produzida pelo Núcleo de Produção da Repápi para o Portal Idosonews.com/Locução Francisca Virtual